2019

ANDRÉ LUÍS PEREIRA OLIVEIRA
Previdência: de onde viemos, para onde vamos. A produção de documentários pelo poder público e a prevalência da narrativa voltada ao binômio problema/solução
Data: 05/12/2019
A presente dissertação tem por objetivo verificar a prevalência do binômio problema/solução na série documental Previdência: de onde viemos, para onde vamos, produzida pela TV Câmara, em 2017, emissora institucional da Câmara dos Deputados do Brasil. Embora seja uma emissora institucional a mesma se apresenta como pública, e como tal será aqui tratada, com o respaldo de Anselmo (2011). O binômio problema/solução deriva dos estudos da Escola documentarista clássico, em especial nos estudos do escocês John Grierson (1966), que via no documentário também a oportunidade para mudar o modo de vida de uma comunidade. Um segundo aspecto ligado ao conceito de documentário é a sua forma. Nesse sentido optou-se por classificar o documentário entre uma das categorias propostas por Nichols (2007): Poético, Observativo, Participativo, reflexivo, performático e expositivo. As análises concluíram que se trata de um documentário do tipo expositivo como será demonstrado ao longo da dissertação. A relação do Poder Público Federal no Brasil com a produção da série selecionada para estudo dá-se, sobretudo, em função da complexa relação entre a tramitação do projeto de reforma da previdência no pais, que vem gerando polêmicos debates em praticamente todas as instâncias da sociedade, marcando uma presença maciça mídia: impressa, audiovisual, internet e redes sociais. Para analisar a série foi utilizado o método de análise fílmica da imagem e do som proposto por Penafria (2009). Os procedimentos envolvem a análise interna e a análise externa. Para a análise interna é fundamental o estabelecimento prévio de um critério de seleção de fotogramas pelo processo de decupagem do filme. O critério adotado foi a seleção de Fotogramas Problema (FP) e Fotogramas Solução (FS). A seleção resultou e quatro fotogramas problemas e 25 fotogramas solução. Os resultados indicam tratar-se de uma série documental que segue o modelo expositivo e que se verifica a prevalência do binômio problema/solução, mas não no sentido originariamente proposto por Grierson, antes no sentido de reforçar a necessidade de aprovação da reforma da previdência nos termos apresentados pelo Governo Federal.

RAUL MARX RABELO ARAUJO
Cinema-educação: alteridade, criação, experiência, emancipação e ética
Orientador: Marcos Ribeiro de Melo Data: 31/10/2019
A presente pesquisa investiga as múltiplas significações do encontro entre cinema e educação através de dois anos de atividades junto ao Núcleo Interdisciplinar de Cinema e Educação (NICE), projeto de inserção social do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar de Cinema (PPGCINE) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). O intuito foi estabelecer uma aproximação com os agentes que constroem a escola, compreendendo a prática na instituição em sua diversidade e nos arriscando em possíveis reflexões do encontro entre cinema, estudantes, professores e a escola. Além disso, busco estabelecer uma análise capaz de observar a inserção do pesquisador no campo, já que as atividades foram além da observação participante. Em um primeiro momento, apresento a trajetória da pesquisa e os procedimentos metodológicos e da produção dos dados. No segundo capítulo, apresento uma reflexão sobre a instituição escolar evidenciando aspectos político-pedagógicos que potencializam o papel emancipador do cinema, além de refletir sobre o cinema dentro dessa configuração. Em um terceiro momento, faço uma retrospectiva histórica das políticas públicas, projetos e debates em torno do cinema e educação, do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE) na década de 1930 até a lei 13.006 de 2014, a fim de compreender a tradição pedagógica do cinema no Brasil. Por último, trago reflexões, fruto do encontro com diversas inteligências, de várias novidades, que são as pessoas e de várias expressões de inteligências, que são os filmes.

DIOGO OLIVEIRA TELES
A Órfã: cinema de horror, infância e feminino
Orientador: Marcos Ribeiro de Melo       Data: 30/08/2019
Esta pesquisa investiga as relações entre cinema de horror, infância e feminino. Acredita-se que o exercício de pensamento por meio de um agenciamento com o cinema de horror pode movimentar saberes e poderes acerca da infância e do feminino. Entre imagens, planos, enquadramentos e ângulos, inspira-se na etnografia de tela para analisar o filme A Órfã (Orphan, de Jaume Collet-Serra, 2009) que narra a história de adoção de uma garota de nove anos chamada Esther. A narrativa põe o espectador em contato com os “outros” da infância e do feminino, que ameaçam e aterrorizam certezas sobre o que eles são.

DÉBORA WAGNER PINTO
A Morte Inventada e Borrando a Papá: cinema, paternidade e alienação parental
Orientador: Luiz Gustavo Pereira de Souza Correia         Data: 31/07/2019
A presente dissertação tem como objeto de estudo a paternidade na Alienação Parental, no contexto narrativo dos documentários A Morte Inventada (2009), produção nacional, de Alan Minas, e Borrando a Papá (2014), produção argentina, das diretoras Ginger Gentile e Sandra Fernández Ferreira. O texto mostra como se caracteriza a paternidade na Alienação Parental e também a sua representação nos documentários supracitados. Ademais, adentramos no Direito, quanto as suas leis referentes ao tema analisado. Refletimos sobre a paternidade diante dessas três áreas: Cinema, Psicologia e Direito buscando compreender as questões de gênero na família, os comportamentos do genitor alienador e do alienante na Alienação Parental. Por fim, identificamos as produções documentais como autorrepresentações, que por meio de atores sociais, representam a paternidade do diretor, no caso da A Morte Inventada, e do produtor, em Borrando a Papá, como genitores alienados no contexto da Alienação Parental. Fica evidente nos dois documentários, que a figura paterna se apresenta como alienada e é intensificada nas narrativas de pais e filhos a respeito das consequências vividas na Alienação Parental.

ROMÉRIO NOVAIS JESUS
Violência sagrada no filme Taxi Driver: uma análise a partir da teoria mimética de René Girard
Orientador: Joe Marcal Goncalves Dos Santos             Data: 31/07/2019
Esta dissertação de mestrado tem como objeto de estudo a violência sagrada no filme Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese. E parte das seguintes problemáticas: como a violência sagrada é manifestada em Taxi Driver? Quando a violência é apresentada como sagrada? E quais elementos sacralizam a violência? A violência sagrada é compreendida como a violência transfigurada como transcendental pelo desejo humano, com o poder de purificar e ordenar a humanidade e sacralizar indivíduos ou valores. Nosso objetivo principal é investigar a manifestação da violência sagrada no filme Taxi Driver, a partir de uma análise fílmica focalizada no desenvolvimento do personagem Travis e nos elementos narrativos e audiovisuais da obra. Para tanto, traçamos como objetivos específicos as seguintes etapas: a) compreender o contexto artístico e histórico de produção do filme e a sua organização audiovisual e narrativa; b) discutir sobre a noção de violência sagrada, a partir da teoria mimética de René Girard, identificando as categorias de análise; c) analisar a dinâmica do sagrado na violência de Taxi Driver, a partir das categorias analíticas provenientes do referencial teórico-conceitual. Na análise, verificamos que Taxi Driver apresenta o desejo mimético e a mídia como os elementos sacralizadores da violência de Travis, que, em seu imaginário, deixa de ser um assassino para se tornar um herói. A mídia aparece como uma metáfora da mediação do desejo transfigurador de Travis, assim como a chuva é usada como uma metáfora da sua violência sagrada. O filme também evidencia a ilusão da eficácia purificadora da violência e a ambiguidade da violência sagrada de Travis, que incorpora tanto elementos do mecanismo arcaico e moderno do bode expiatório como também da violência impura das rivalidades miméticas.

GLADSON CARDOSO DE SOUZA JUNIOR
Em-Cena-Ação: Mise-En-Scène documental contemporânea: notas sobre a elaboração da cena a partir dos processos fílmicos Para que o mundo não esqueça (2019/20) de Pedro Bomba e 144 horas e alguns minutos roubados (2019/20) de Gladson Galego.
Orientadora: Adriana Dantas Nogueira          Data: 30/07/2019
Esta pesquisa buscou estudar o processo de elaboração da cena documental contemporânea. A ênfase do trabalho foi investigar os procedimentos teórico-metodológicos de elaboração da mise-en-scène utilizados por realizadores(as)-independentes-contemporâneos em seus cotidianos profissionais. O interesse maior está na relação entre sujeito da câmera e pessoa personagem. Neste sentido, buscou-se investigar como os conhecimentos e métodos produzidos e/ou praticados por realizadores independentes se articulam com o próprio saber-fazer da teoria do cinema a partir da aproximação com procedimentos metodológicos e práticas presentes em outras áreas da produção de conhecimento. O intento em verificar as possíveis aproximações e distanciamentos pertencentes a diferentes campos, bem como, observar em que medida esses campos se influenciam e/ou se negam no que compete à elaboração da encenação do filme documental deu-se a partir do processo de realização dos filmes Para que o mundo não esqueça (2019/20) de Pedro Bomba e 144 horas e alguns minutos roubados (2019/20) de Gladson Galego.

RAY DA SILVA SANTOS
A Hora de Macabéa e a problemática do sujeito psicanalítico na literatura e no cinema
Orientador: Carlos Cezar Mascarenhas de Souza            Data: 26/07/2019
Esta dissertação consiste num estudo acerca da noção de sujeito, conforme a perspectiva freudo-lacaniana, tendo em vista a personagem Macabéa do livro e filme A Hora da Estrela. A pesquisa parte das seguintes problemáticas: como pode ser evidenciado a questão do sujeito mediante a personagem Macabéa, tanto na narrativa literária quanto na cinematográfica, a partir dos pressupostos da Psicanálise? Ou seja, de que modo essas narrativas se estruturam afim de representarem um sujeito, levando em conta o modo como esta noção se constitui segundo Freud e Lacan? Para tanto, nosso objetivo principal é elaborar um estudo interdisciplinar entre Literatura, Cinema e Psicanálise a partir da obra A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, e da adaptação cinematográfica homônima, de Suzana Amaral. Sendo assim, traçamos como objetivos específicos as seguintes etapas: a) colaborar nos estudos interdisciplinares entre literatura, cinema e psicanálise; b) apresentar traços de afinidades e distanciamentos entre literatura, psicanálise e cinema; c) investigar e compreender a noção de sujeito psicanalítico a partir da personagem Macabéa. Vale ressaltar que a literatura e o cinema representam o homem e sua relação com o meio, os desejos e seus fantasmas, por intermédio da linguagem; nesses campos de representação, vemos narradores e personagens vivenciando experiências, abordando conflitos internos e interpessoais, nos fornecendo um espaço fértil para a discussão sobre a subjetividade humana. É notório que o sujeito racional, indivisível, cartesiano, com o passar do tempo e com os avanços teóricos e clínicos da psicanálise, revelou ter uma forma dividida, por uma parte consciente, mas por outra resistindo em permanecer desconhecida para si próprio. Tais concepções sobre a problemática do sujeito psicanalítico interferem de maneira direta na maneira pela qual concebemos a obra literária e a cinematográfica, porque sabemos que os personagens e o narrador, durante o desenvolvimento da narrativa podem falar algo a mais e, eventualmente, indicar os traços relativos ao sujeito do inconsciente.

RUAN CARLOS TELES DE ARAUJO
Grito, logo existo: as faces da censura na autobiografia Antes que anochezca e em sua adaptação cinematográfica
Orientador: Hamilcar Silveira Dantas Junior        Data: 31/01/2019
A trajetória do literato cubano Reinaldo Arenas se assemelha a de diversos dissidentes políticos em distintos contextos históricos. Finda a euforia revolucionária pós-1959 passou ao combate, pelas letras, ao regime de Fidel Castro e às consequentes perseguições e censuras até o exílio nos Estados Unidos. Em sua autobiografia, Antes que anochezca, Arenas destacou a angústia e a solidão expressa no “grito, logo existo” enquanto síntese do espírito inquieto e livre oprimido, ora pela censura cubana, ora pelas exigências de uma lógica capitalista consumista e individualista. Após ter sido adaptada para o cinema, sua autobiografia foi reforçada e/ou ressignificada na representação da censura e opressão em Cuba. Esta dissertação parte da problemática: quais as representações da censura na Cuba pós-revolucionária expressas na obra areniana e em sua adaptação cinematográfica, Before Night Falls, de Julian Schnabel? O atual estudo visa analisar a narrativa literária e o filme desta, tendo a censura como objeto e sua representação como categoria analítica. Metodologicamente, assenta-se em dois procedimentos: as representações da censura nos elementos da narrativa literária – tempo, espaço, narrador, personagens e enredo; e as representações da censura na narrativa cinematográfica em relação ao texto original no que tange a reduções, adições, deslocamentos espaciais e temporais, simplificações, ampliações e transformações. Conclui-se que a censura foi um elemento fundante da vida de Reinaldo Arenas expressa na sua autobiografia e referendada ou ressignificada em sua adaptação cinematográfica por Julian Schnabel. Da censura à sua orientação sexual, suas percepções sobre a arte e a vida passando pela censura e perseguição por parte do governo cubano pós-revolução até a censura reflexo do exílio e de sua condição de expatriado, a trajetória de Arenas, na literatura e no cinema, torna-se uma referência fundamental à compreensão das tensões da contemporaneidade sobre a arte, a política e os corpos dos sujeitos.

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