Dissertações

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2021

ADRIANE PEREIRA DANTAS
Morte e vida no universo visual do filme: O fabuloso destino de Amélie Poulain
Orientadora : Adriana Dantas Nogueira       Data: 25/02/2021
Este trabalho tem como objetivo analisar o universo visual do filme O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001) no tocante aos aspectos relacionados à construção da imagem cinematográfica que ressaltaram ideias como morte e vida. Para isso, a pesquisa analisa as metáforas e as mensagens presentes na mise en scène trabalhando planos, cores, objetos, movimento de câmera e recursos técnicos. Este é um trabalho que se desenvolveu a partir da análise fílmica, da descrição e da interpretação das cenas mais emblemáticas que trouxeram significação para a temática. Apoiada na metodologia de investigação de vários autores, a pesquisa mescla correntes neoformalistas, como as estudadas por David Bordwell (2008); correntes formalistas, da montagem de Eisenstein (2002); com abordagens que flertam com a psicologia cognitiva da imagem, de Aumont (2011), e também, a psicanálise, quando se procura compreender alguns símbolos presentes. Por fim, a escolha do filme se deu pela maneira como os aspectos visuais se estabelecem de forma simbólica e criativa na linguagem cinematográfica, mostrando a Arte no cinema.

ALINNY AYALLA COSMO DOS ANJOS
Cinema de periferia : novas narrativas, representatividade e luta política
Orientadora: Maria Beatriz Colucci       30/08/2021
O cinema é um palco de disputa onde identidades e subjetividades são construídas, negociadas e percebidas dentro da cultura. Nesse cenário, conflitos de representação em relação à periferia referentes a questões de exclusão social, racismo e processos históricos, provocam a discriminação de um amplo setor da população brasileira. Nos últimos 20 anos, com a facilidade de acesso aos meios de produção audiovisual, em conjunto com iniciativas públicas e privadas, como políticas de inclusão e oficinas de vídeo, as periferias obtiveram a oportunidade de elaborar suas próprias representações imagéticas do seu cotidiano e suas vivências. Esta pesquisa analisa esta produção, a partir dos entrelaçamentos e conflitos que se estabelecem entre representações sociais preexistentes, investigando suas estratégias enunciativas e seus posicionamentos, e sua luta por visibilidade e reconhecimento. Tem como objetivo contribuir para um estado da arte sobre a produção acadêmica brasileira em referência ao Cinema de Periferia, no período de 2000 a 2020. Com base na sistematização desse conhecimento, disponibiliza-se um entendimento inédito e mais denso sobre o campo. Além disso, por meio de pesquisa bibliográfica e com uso de metodologia qualitativa, procedeu-se à análise da formação discursiva sobre a periferia no Brasil e de sua representação no cinema nacional. Também refletimos sobre as condições de formação desse cinema e seu panorama político. Por fim, referenciamos filmes, cineastas e coletivos periféricos, e realizamos análise do filme Ela volta na quinta (2014), de André Novais. Concluímos que o cinema de periferia pode ser uma das ferramentas para (re)elaboração de representações sociais, sendo fundamental para o enfrentamento de dispositivos históricos de desigualdade no cinema e na sociedade.

CAMILA FERREIRA DE CARVALHO
O primo Basílio e a problemática do desejo mimético na literatura e no cinema
Orientador: Luís Américo Silva Bonfim       28/07/2021
Esta dissertação de mestrado busca estudar a noção do desejo mimético com base nas discussões teóricas de René Girard, tendo como corpus o livro O primo Basílio, de Eça de Queirós, e a adaptação cinematográfica Primo Basílio, de Daniel Filho, e, como objeto de pesquisa, a relação triangular edificada pelos personagens Luísa, Jorge e Basílio. Assim, o estudo parte do seguinte problema: de que forma o desejo se faz presente na literatura e no cinema? E nos leva a outros questionamentos: como pode ser evidenciada a questão do desejo mimético por meio da relação triangular entre Luísa, Basílio e Jorge, tanto na narrativa literária quanto na cinematográfica? Como essas narrativas se estruturam para representar as relações humanas? Dessarte, nosso objetivo principal é elaborar um estudo interdisciplinar entre cinema e literatura a partir da leitura de O primo Basílio e da sua adaptação cinematográfica, tendo em vista a questão, segundo as perspectivas de René Girard, do desejo mimético. Para tanto, é preciso atingir os objetivos específicos de analisar o livro, trazendo discussões sobre o contexto artístico, sua estrutura narrativa e sua linguagem singular; fazer um estudo do filme, analisando seu processo de tradução intersemiótica, seu contexto artístico, a sua estrutura narrativa e sua linguagem peculiar; compreender a noção de desejo, por meio das discussões psicanalíticas de Freud e Lacan; e entender a noção de desejo mimético, segundo René Girard, a partir principalmente da relação triangular entre Luísa, Basílio e Jorge. Assim, realizou-se a leitura prévia das obras, a fim de compreender sua dinamicidade, realizando a análise por meio de recursos linguísticos-literários presentes no livro (adjetivos e figuras de linguagem) e cinematográficos no filme (fotogramas e falas dos personagens). Posteriormente, se fez necessária a pesquisa sistemática a respeito da tradução intersemiótica, com base nas discussões de Peirce e Jackobson, do desejo, conforme Freud e Lacan, seguido do desejo mimético, segundo Girard, este que é o foco principal desta pesquisa. De acordo com os estudos de Girard, o desejo do homem não se dá de forma isolada, ele é sempre mediado pelo desejo de um modelo, e que a busca pelo que é do outro causa uma rivalidade, que tem por consequência uma violência entre o sujeito e seu modelo, advinda da disputa pelo mesmo objeto de desejo. Ao analisar o corpus dessa pesquisa, percebemos a presença do triângulo mimético na relação triangular entre Luísa, Basílio e Jorge, uma vez que Basílio deseja aquilo que é desejado por Jorge, ou seja, Luísa, o que causa uma grande violência que é refletida especialmente em Luísa, por ser uma mulher inserida em uma sociedade patriarcal. O ápice dessa violência é marcada pela morte da protagonista, que assumiu o papel de bode expiatório da moralidade burguesa do século XIX, no livro, e XX, no filme.

CHRISTIANE SANTOS ALVES COSTA
O black metal nos documentários musicais : notas sobre estética e distopia (1994-2017)
Orientador: Armando Alexandre Costa de Castro       Data: 29/05/2021
Esta dissertação objetiva a compreensão do discurso distópico do Black Metal através dos documentários musicais. É observado que o discurso proferido em frente às câmeras mantém relações com o horror artístico e natural, sendo amplamente aceito no meio social como representação do subgênero musical. Esta base estético-discursiva auxilia a construção da narrativa cinematográfica, guiada principalmente pelas entrevistas das bandas, sendo responsável pela reconstrução de uma memória através da imagem. Neste contexto, os discursos são relevantes para a construção e demonstração de atitudes que excedem (ou não) um modelo de comportamento comum aceito em sociedade, denominadas na pesquisa como ―Excesso-Artístico‖ (dentro do padrão), e ―Excesso do Extremo‖ (fora do padrão). Estas categorias revelam o imaginário contido na estrutura desta cultura. Para a compreensão da estética distópica, foi exposta a motivação para a adoção deste discurso associada ao horror através dos conceitos de horror artístico e horror natural (CARROLL, 1999); de estética do mal no Black Metal (CAMPOY, 2008a, 2008b); distopia (PODOSHEN; VENKATESH; JIN, 2014) e estética do excesso (HILDENBRAND, 2015), e como a mesma influencia todas as camadas do subgênero até a produção e divulgação dos filmes aqui analisados. A metodologia utilizada é baseada no levantamento bibliográfico, principalmente sobre a estética Black Metal; no mapeamento da cinematografia sobre o tema no Youtube; e no estudo multicaso dos documentários. Dentre os 38 documentários musicais envolvendo o Black Metal no período de 1994 a 2017, foram escolhidos para esta investigação: Det Svarte Alvor (1994), Satan Rides the Media (1998), Once Upon a Time in Norway (2007), Until The Light Takes Us (2008), Black Metal Satanica (2008), One Man Metal (2012), Black Metal Siberia (2015) e Bleu Blanc Satan (2017). O interesse foi refletir a importância desses discursos, desde a sua origem, na década de 90, até a atualidade, em busca de uma unidade, uma identidade que, possivelmente, assuma sentido apenas no contexto em que está inserida: a cena underground. A priori, a conclusão obtida demonstra o papel dos documentários musicais como extensão das práticas com o underground e a propagação do discurso comum em seu meio.

EDUARDO MARCELO SILVA ROCHA
República dos assassinos: o esquadrão da morte carioca no cinema
Orientador: Hamilcar Silveira Dantas Júnior      02/09/2021
Esta dissertação tem por objetivo desvelar o quanto o cinema conseguiu, por meio de imagens e sons, expressar todas as contradições da sociedade brasileira dos anos 1960/1970 e suas relações com a violência social e institucional, notadamente expressa nos Esquadrões da Morte. Nas relações entre indivíduos e as lides com a violência, os estereótipos de masculinidade e heterossexualidade. O filme República dos assassinos foi utilizado como recorte para tal intento, mediante uma análise fílmica do tipo poética. Para tanto, fizemos um apanhando sobre o processo de formação do Estado à partir das ideias contratualistas até a discussão moderna que atenta para incapacidade de estados assegurarem a cidadania, passamos pela importância da violência estatal em Weber, para expor após a história das polícias. A história da polícia brasileira também foi tratada no capítulo seguinte, para introduzirmos os Esquadrões da Morte. Entender do cinema policial brasileiro e trazer os filmes relacionados aos esquadrões é o passo seguinte. Para finalmente focar na análise poética do Filme ―República dos assassinos‖. Assim foi é possível observar de como o gênero policial transitou ao longo de sua história até que, nos anos 1960 e 1970, representasse as contradições da sociedade brasileira e ilustrasse a violência social e o apoio aos esquadrões da morte.

JANAINA SILVA DE OLIVEIRA
“Todo cinema é político, mas existe um cinema que além de político é militante”: o intelectual orgânico gramsciano no cinema militante argentino das décadas de 1960 e 1970
Orientador: Hamilcar Silveira Dantas Júnior      27/08/2021
Esta dissertação parte de alguns pressupostos. A América Latina, após o triunfo da Revolução cubana, presencia o avanço de ditaduras militares estimuladas pela lógica do imperialismo norte-americano a fim de preservar a condição de subdesenvolvimento na região. Como contraponto, inicia-se a construção e atuação de uma arte política, militante e revolucionária em diversos setores, em especial no cinema. O objetivo desta dissertação é refletir e investigar as possíveis conexões entre o cinema militante argentino das décadas de 1960 e 1970: Cine de Liberación e Cine de La Base e a noção de intelectualidade orgânica desenvolvida por Antonio Gramsci. Para tanto esta investigação reuniu as principais inspirações e antecedentes deste cinema através da pesquisa documental junto de uma etnografia de arquivos amparada na etnografia fílmica para pensar o cinema enquanto arquivo e interlocutor privilegiado, analisando os filmes La Hora de Los Hornos e Los Traidores, obras inaugurais do cinema militante argentino. Concluiu-se que, o cinema militante argentino dessas décadas repensou e criou uma nova estética para a América Latina. Os cineastas desse cinema repensaram a própria noção de cinema, além de pensar o papel do cineasta/intelectual no desenvolvimento deste cinema e principalmente, fizeram urgente repensar a questão da distribuição para atingir as massas populares e organizar as classes. Justamente nestas ações desenvolvidas pelo cinema militante argentino, é possível estabelecer relações com a noção de intelectualidade orgânica gramsciana.

PAULO SÉRGIO S. DE LACERDA
Os arquivos audiovisuais/memória de Lú Spinelli como narrativa da história da dança moderna em Sergipe
Orientadora: Lilian Cristina Monteiro França       Data: 22/06/2021
Este estudo tem por objetivo verificar em que medida os arquivos/memórias audiovisuais de Lú Spinelli, bailarina, pesquisadora e ativista cultural, ajudam a compor uma narrativa da história da dança moderna em Sergipe. Tais arquivos são compostos por entrevistas, palestras e gravações audiovisuais de espetáculos seus e de seus alunos, constituindo-se num corpus que permite análises sob diferentes prismas. O estado de Sergipe não possui nenhuma obra que trate sistematicamente do tema, mas sim uma coleção de textos e imagens dispersos por jornais, revistas e repositórios de pesquisa. A metodologia empregada utiliza, num primeiro momento, levantamento e revisão de literatura. Entre os principais autores consultados encontram-se Walter Benjamim (1994, 2000), Cássia Navas (1992, 2017), Lúcia Matos (2002), Carolina Naturesa (2010, 2017), Isabele Launay (2013), Aurore Després (2016), Elisabeth Ribas e Laura Escorel (2020). Uma etapa seguinte tratou da decupagem do material audiovisual – que consiste na descrição detalhada do conteúdo textual, sonoro e imagético do documento audiovisual, como propõe Caldera-Serrano (2014) e, ainda, na análise a partir da abordagem triangular, nos termos propostos por Ana Mae Barbosa (2012). Do ponto de vista do marco temporal, foram delimitamos os últimos dez anos (2005-2014) da produção coreográfica de Lú Spinelli para os festivais de dança da sua escola Studium Danças. Foram selecionadas três coreografias para a análise e decupagem, de acordo com critérios de categorização previamente estabelecidos, constituindo-se, portanto, numa amostra intencional: Dê uma chance à paz – 2007, Ode à Dança Moderna – 2008 e Subversão Tropical – 2009. Cada um deles foi descrito enquanto processo coreográfico, decupado e, com base nos dados, apresentados possíveis fios narrativos. Os resultados apontam para diversas possibilidades narrativas dos arquivos/memórias audiovisuais de Lú Spinelli e são apresentadas, a título de proposições, algumas alternativas futuras de trabalho.

ROBERTO MATHEUS CORDEIRO VANDERLEI DE OLIVEIRA
A intertextualidade entre o cinema e a literatura de cordel: a análise do “cinema de cordel” no filme a luneta do tempo, de Alceu Valença
Orientador: Romero Júnior Venâncio Silva       Data:  29/04/2021
O objetivo desta pesquisa é demonstrar como a literatura de cordel pode ser transmutada à linguagem cinematográfica, analisando as relações intertextuais entre a estética do folheto e algumas obras do cinema nacional. Para isso, primeiro perpassamos aspectos fundamentais da história e das formas literárias do cordel. Em seguida, investigamos a referida intertextualidade na obra do cineasta Glauber Rocha, delineando a categoria “cinema de cordel” com base nas experiências do diretor nos filmes Deus e o diabo na terra do sol (1964) e O dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969), dois importantes marcos do Cinema Novo. Por fim, à luz do paradigma glauberiano, analisamos o “cinema de cordel” no filme A Luneta do Tempo (2014), do artista pernambucano Alceu Valença, procedendo sua decupagem a fim de investigar como as formas poéticas e literárias do folheto o influenciam da diegese ao discurso cinematográficos. Assim, procuramos demonstrar como nesse fenômeno intertextual o cordel pode emergir como ferramenta narrativa no cinema, marcando a concepção do roteiro, de monólogos e diálogos entre personagens e da mise-en-scène, além de se dirigir ao espectador aguçando sua percepção de ouvinte. Em suma, o cordel vai ao cinema e com ele se mistura para suscitar estéticas fílmicas particulares, das canções às formas de representação. Compreender a intertextualidade deste processo, e como ele pode ser potencializado no cinema brasileiro contemporâneo, é uma das principais motivações deste projeto. 

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